sexta-feira, 21 de março de 2014

quarta-feira, 12 de março de 2014

Vamos Fazer Compras?



Em uma noite nebulosa de Julho, não há muito que fazer além de aproveitar o silêncio que age como um bailarino dançando livremente pelas ruas e avenidas, acompanhado da névoa, sua parceira de palco que completa o espetáculo cobrindo toda a cidade como um grande edredom de plumas ou algodão. Porém há aqueles responsáveis por garantir a execução do script. Em uma delegacia, dois oficiais conversam sobre um suspeito. Um suposto maníaco ou dependente de drogas.

- Sem chance Matias. Ele continua repetindo a mesma versão que falou na viatura, senhor.

- Certo... Essa história eu já ouvi. Parece que a gente só vai conseguir falar com ele melhor amanhã. Você já fez a consulta no sistema?

- Sim. Pelo menos ele não mentiu no nome. Não encontrei nenhum antecedente. Só fiquei curioso sobre como ele veio parar em uma cidade tão longe de onde mora.

- Rs... Sei lá Leandro. Esses usuários de crack são assim mesmo, aliás, você pediu pra ele relatar o ocorrido por escrito?

- Sim, ele escreveu uma “senhora carta”. Você vai entregar ela pra superintendência?

- Pra ser sincero, vou anexar uma cópia no boletim. O original eu vou mandar pra cima mesmo. Eles estão fazendo alguns estudos pra melhorar o tratamento com essa gente e querem muitas informações.

- Passa o documento ai que eu vou ler o que esse cara escreveu.

O delegado pega em mãos a carta redigida pelo suspeito que foi encontrado vagando em uma rua nas proximidades. Ele estava fora de si e fisicamente debilitado, além de dizer coisas sem nexo. Para as autoridades era apenas mais um caso envolvendo a terrível “epidemia” de crack que se alastra pelas cidades brasileiras, porém causou estranheza aos oficiais o fato do suposto usuário ter conseguido produzir um texto tão longo e rico em detalhes.

Segue abaixo a transcrição da carta: